Cada poema é um sapato
e cada segundo sapato é um poema.
Há um poema que te leva mais longe do que um sapato
há poemas de impacto e recreação
um que te faz doer o dedo grande
em princípio
não deves experimentar um poema que não seja teu.
Há haikus de verão,
longos poemas de inverno
e os do outono estragados por uma chuva repentina.
Os mais novos dão à luz grandes poemas
que se vão encolhendo
a pouco e pouco
os adultos não colocam torniquetes nos poemas.
Os novos poemas rangem
os antigos permanecem em silêncio.
Há um poema para fugir
outro poema que te leva para casa
e um poema de que te deves desfazer antes de entrares
para te poderes calçar sem esforço ritmicamente à superfície
outro poema totalmente diferente.
Para pores à prova um poema é inútil queimares couro
tão pouco parares na rua e declarares: "Estou perdido."
_Tradução de Jorge Sousa Braga